quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Resumo explicando  porque existe, sim, um sítio arqueológico, e uma ruína em Palmeiras.

Vou  ser totalmente especifico, e pontual sobre as justificativas desta afirmação.

1-Foi achada uma cerâmica embaixo de um dos blocos regularizados  durante as caóticas escavações de 2003, e com certeza havia mais vestígios cerâmicos que nem foram percebidos , não esqueçamos que a escavação foi feita com uma bulldozer (!). Esta cerâmica foi descrita como uma cumbuca que parecia de pedra,pelo encarregado da fazenda. Cerâmica muito antiga nas mãos de uma pessoa não especializada pode parecer pedra. Infelizmente esta peça ”foi sumida”. Esta mesma  testemunha afirma que vários sacos de “algo” foram retirados do local elevados para São Paulo pelo dono da fazenda, mas ninguém viu o que eram.

2- Blocos regularizados com vestígios de talha por martelagem bruta  de martelos e cunhas de pedra (arestas rombudas e irregulares), assim como lajes pouco espessas de corte quadrangular , material não condizente com as formas encontradas naturalmente nas jazidas de basalto, que sim, existem na área e no próprio local do sítio.Estes blocos obedecem a padrões similares aos que vemos nas culturas andinas.Infelizmente não conseguimos ver nenhum trecho inteiro de alguma antiga estrutura , uma vez que estes blocos não sendo argamassados, como de praxe  na arquitetura megalítica, são fáceis de desmontar e reutilizar. Isto vem sendo feito aqui fazem décadas ,ou mesmo séculos. A própria igreja do local apesar de não ter mais de 50 anos, tem todas as fundações construídas  com blocos retirados do sítio. Relembro que, como os blocos da disjunção do basalto tem em regra lados planos, e arestas retas , foram nas culturas antigas  sempre preferidos para, a partir dai, molda-los para formas mais regulares sem grandes dificuldades.  

Blocos aparentemente  regularizados do local 

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Formações naturais do basalto resultado da disjunção colunar.

Não esquecendo que em outros sítios megalíticos como Gunung Padang , Nan Madol e Poro Poro,tanto foram usados blocos regularizados de basalto, como blocos  em bruto.
009.JPG 030.JPG  IP6.png basalt-4125_640.jpgpandang 1.jpg  12179940.jpg basalt2.jpg belfast-giants-causeway5.jpg parauna basalto.jpg


3- Formações naturais de basalto em Palmeiras , que foram colocadas à mostra  e confundidas com construções artificiais , o que não é incomum para uma pessoa desavisada. No entanto não invalidam a existência do sitio, mas podem  justificar a cegueira de alguns. Foram desmontados dois muros um antes, e outro atrás, depois do calçamento achado, sendo suas fundações enterradas novamente. Estes dois muros dão sentido ao calçamento, que de fato é um calçamento, e explicamos porque.
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4- Calçamento, este elemento apesar deter sido destruído parcialmente ainda é visível, e fizemos um esquema do que se pode ver. Verificando os alinhamentos dos blocos , observa-se que há blocos de diferentes cortes , sempre colocados com seu lado mais plano para cima. Não aconteceria isso se este elemento fosse apenas uma formação de basalto em disjunção colunar formada na horizontal , onde todos os blocos de uma mesma coluna teriam um perímetro transversal similar. Muito menos estariam com um afastamento de aproximadamente 10 cm.,  um do outro. Pressupõe-se que nestes intervalos haveria pedras menores calçando as maiores, mas fizeram uma escavação predatória em volta dos blocos maiores.confundindo o aspecto original
8.jpg  dscn2013.jpg croquis-da-disposicao-das-pedras-da-foto-acima.jpg


5- Local privilegiado no passado. A analise geomorfológica do local nos diz que na frente deste sitio, ou ruína, havia um lago que ocupava área do atual açude, e o englobava, assim como muito mais área em volta. Este lago possivelmente ligaria com o Rio Paraibuna que com certeza era muito mais caudaloso , criando ali uma fonte de pesca fácil e constante. Possivelmente estamos falando de 2 a 3000 anos atrás, ou mais.   Do lado do sitio há  uma cachoeira alimentada por um pequeno riacho que vem mais de longe e acima dela. No passado com a região muito mais exuberante isto deve ter sido mais um atrativo do local,  juntando todos os elementos citados podemos admitir aqui ter havido um local cerimonial, inclusive por estarem o calçamento e os muros sumidos frontalmente virados para o nascer do sol no solstício de inverno 21 de junho.

Pergunta : Haveriam outras edificações nesse local ?  Poderia haver, mas podem estar muito enterradas inclusive na parte baixa onde deve ter havido inundações causadas pelo Rio Paraibuna e mesmo algumas trombas d'água vindas do rio encachoeirado ao lado, ao longo dos seculos.Veja o alinhamento de blocos saindo da terra abaixo. Também podemos supor que mesmo com uma grande população ali só houvesse alguns locais mais estruturados para uso cerimonial e os habitantes usassem apenas casas de materiais facilmente perecíveis que desapareceram totalmente. 
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Resposta a outra pergunta

Porque não se tem noticias de essa possível cultura que ali habitou? qualquer cultura que tenha habitado o território nacional foi suplantada ou mesmo aniquilada com a chegada das tribos tupis , exatamente o que aconteceu com as culturas sambaquieiras. Alem disso a região de Natividade da Serra não é devidamente pesquisada e algumas pesquisas que por ali se tentaram foram obstaculizadas e  interrompidas. Em um dos locais passaram o trator por cima de um cemitério indígena cheio de urnas para não revelar o sitio. Sei por experiencia própria e pelo relatado por outras pessoas da região que muitos vestígios tem sido destruídos por receio dos proprietários das terras perderem a propriedade  para o estado(?!!) Como se o estado tivesse demonstrado algum interesse no assunto...
Foi mandado um relatório de 18 paginas e 40 fotos ao IPHAN-SP ,sobre este local, nunca responderam e apenas disseram por telefone a um repórter do jornal o Estado de São Paulo que ali não havia nada de interesse. Foram feitas duas representações ao Ministério Publico , em 2009 e 2013.As resposta foram debochadas, avalizando apenas  o parecer de"peritos" que estiveram apenas algumas horas no local , sem a menor motivação nem interesse , alem de não entenderem nada de arquitetura pré-colombiana, um era de formação básica, geólogo , o outro era antropólogo.